Três dúvidas sobre alimentação e câncer
1) O tomate é um vilão disfarçado de alimento saudável?
A cor vermelha do tomate vem principalmente de um fitoquímico chamado licopeno. O licopeno e seus compostos relacionados tendem a concentrar nos tecidos prostáticos. Existem provas substanciais e convincentes de que os alimentos que contêm licopeno provavelmente protegem contra o câncer de próstata. Em modelos animais, o consumo de compostos de tomate tem sido associado a grandes diminuições no risco de câncer de próstata. Além disso, há evidências de que esse potencial de combate ao câncer é aumentado se os tomates forem consumidos de forma processada, permitindo que esses compostos naturais sejam liberados e mais facilmente absorvidos, como molho de tomate, pasta de tomate ou suco de tomate.
O licopeno, um poderoso antioxidante, juntamente com um grupo de compostos relacionados chamados coletivamente de “família vermelha”, mostrou potencial anticancerígeno em uma variedade de estudos laboratoriais. No laboratório, os componentes do tomate pararam a proliferação de vários outros tipos de células cancerosas, incluindo mama, pulmão e endométrio. Embora a evidência sugira que é provável que os alimentos que contenham licopeno, incluindo tomates, oferecem proteção contra o câncer, a American Institute for Cancer Research (AICR) salienta a importância de comer uma variedade de alimentos vegetais para garantir a maior proteção contra o desenvolvimento do câncer. Nenhum alimento isolado pode efetivamente reduzir o risco de câncer.
2) O consumo de gordura causa câncer?
Talvez uma mensagem melhor para se manter em mente é que devemos escolher nossas gorduras sabiamente. Gorduras insaturadas como ômega-6 e ácidos graxos ômega-3 são as mais saudáveis para incorporar em nossas dietas. Gorduras saturadas têm evidências mistas, mas a maioria dos especialistas diz para tentar mantê-los ao mínimo. E gorduras trans devemos evitar completamente.
Um novo estudo na Nature descobriu mais sobre por que uma dieta rica em gordura está ligada ao risco de câncer de cólon. A pesquisa revela que há relação com as células intestinais, pois acumulam danos moleculares ao longo do tempo e desenvolvem mutações cancerígenas.
Os pesquisadores aumentaram a ingestão de gordura em ratos de laboratório por um período de nove a 12 meses. Os ratos neste grupo ganharam muito peso – no final, eles pesavam 30% a 50% a mais do que os seus semelhantes que comiam uma dieta regular. Os ratos que se alimentaram com uma dieta rica em gordura também desenvolveram mais tumores em seus intestinos do que ratos do grupo controle.
3) O consumo de carne vermelha causa câncer?
Um comitê consultivo internacional que se reuniu em 2014 recomendou que a carne vermelha e a carne processada fossem prioritárias para avaliação pelo Programa de Monografias do IARC. Esta recomendação baseou-se em estudos epidemiológicos sugerindo que pequenos aumentos no risco de vários tipos de câncer podem estar associados ao alto consumo de carne vermelha ou carne processada. Embora estes riscos sejam pequenos, eles podem ser importantes para a saúde pública, porque muitas pessoas em todo o mundo comem carne e o consumo de carne está aumentando em países de baixa e média renda. Embora algumas agências de saúde já recomendem limitar a ingestão de carne, estas recomendações destinam-se principalmente a reduzir o risco de outras doenças. Com isso em mente, era importante para o IARC fornecer evidência científica autoritativa sobre os riscos de câncer associados com o consumo de carne vermelha e carne processada.
RECOMENDAÇAO DA AICR: Para reduzir seu risco de câncer, não coma mais de 500 gramas de carne vermelha por semana. E evite a carne processada, como presunto, bacon, salame, cachorro-quente e salsichas. Os relatórios da AICR também descobriram que as carnes processadas também são uma causa provável de câncer de estômago.
Estudos sugerem que podemos comer até 500 gramas por semana de carne vermelha sem aumentar significativamente o risco de câncer. Pesquisas sobre carnes processadas mostram que o risco de câncer começa a aumentar, mesmo com pequenas porções diárias. Carne vermelha contém substâncias que estão ligadas ao câncer de cólon, por exemplo, heme ferro, o composto que oferece à carne vermelha sua cor, pode danificar o revestimento do intestino. Estudos também mostram que as pessoas que comem muita carne vermelha tendem a comer menos alimentos à base de plantas, por isso eles se beneficiam menos de suas propriedades anticancerígenas.
Fonte: Site Nutrição em Pauta – Dr. Raphael Brandão – Oncologista do Centro Paulista de Oncologia (CPO) e coordenador científico do Grupo Oncoclínicas.
Pollyanna Machado de Sá Guerra
Nutricionista CRN 1 – 1770